O termo deepfake é oriundo de “deep learning” (“aprendizagem aprofundada”, em tradução livre) e “fake” (“falso”, em português). Através de uma inteligência artificial (AI), os vídeos são manipulados para mostrar pessoas fazendo algo que “elas nunca fizeram”, por exemplo, falando algo inusitado, dançando ou cantando. E, com essa tecnologia, Bruno Sartori criou vídeos como: “O sangue de Jesus tem poder”, “Felipe Neto Miranda canta Cae Cae” e o viral “Chapolin Bolsonaro”.
Com o boom nas redes sociais, Sartori conquistou a fama e agora tem que conciliar a produção dos conteúdos, palestras e entrevistas. Batemos uma papo super interessante com o astro para saber mais detalhes de como é a criação desses vídeos, as ferramentas utilizadas e o que esperar dessa tecnologia nos próximos anos. Confira abaixo:
Showmetech: O que levou você a começar a desenvolver vídeos com deepfake? E como aprendeu?
Bruno Sartori: Eu já fazia um trabalho de humor na minha cidade. Eu fazia com políticos da região, inclusive, trocando rosto, utilizando outras técnicas de vídeos que não eram tão legais e tão reais também.
Para melhorar as minhas técnicas de edição eu estava buscando algum outro tipo de possibilidade de fazer a troca de rosto. E foi quando eu encontrei a tecnologia [deepfake] em um fórum americano. Aí eu quebrei a cabeça até conseguir utilizar. Naquela época ainda eram scripts bem difíceis de mexer. Você precisa de um pequeno conhecimento e aí eu aprendi para utilizar nos meus vídeos.
Showmetech: Quais são as suas inspirações?
Bruno Sartori: Eu costumo me inspirar no cotidiano. O cotidiano é uma piada por si só. Então, eu fico atento aos acontecimentos para fazer minhas criações.
Showmetech: Quais ferramentas e técnicas você utiliza para a criação de vídeos deepfakes?
Bruno Sartori: Para fazer as deepfakes eu utilizo bibliotecas de código aberto. Não tem interface, são só comandos (por linhas de comando) e eu utilizo isso junto da técnica de pós-produção de vídeo. Eu já sou editor há 15 anos, então tenho um pequeno conhecimento nessa área. Ajuda bastante a corrigir os vídeos e deixá-los mais reais.
Showmetech: Como é o processo de criação? E qual a maior dificuldade nesse processo?
Bruno Sartori: Eu faço conforme eu consigo, conforme o tempo me permite. Não elaboro roteiro nem nada. Eu sento e crio sem nenhuma dificuldade.
Showmetech: Qual o seu conteúdo de maior sucesso?
Bruno Sartori: O primeiro conteúdo a viralizar foi o do Chapolin Colorado. Eu achei que seria o mais viral. Depois vieram muitos outros que também foram viralizados na medida do Chapolin, até que eu fiz um que era do Lula cantando uma música da Mariah Carey [Obsessed] para o [Jair] Bolsonaro. Ele viralizou mais ainda e eu achei que não ia conseguir superar aquele sucesso, porque muita gente me marcou naquele vídeo.
Aí fiz aquele da A Usurpadora [novela mexicana], que bombou, acho que três vezes mais do que qualquer outro dos meus vídeos. Com ele, eu consegui 40 mil seguidores em um dia no Instagram. Então eu acredito que seja ele: o Bolsonaro e o Lula em uma cena da novela A Usurpadora.
Showmetech: Muitos dos seus conteúdos são de teor político. Você já chegou a ser processado e/ou ameaçado por criar deepfake de autoridades?
Bruno Sartori: Ameaça é praticamente todo dia. Quando você está mexendo com conteúdo em que as pessoas tomaram paixão e criaram um vínculo, tornando esses políticos quase uns Deuses, você acaba que quase buscando uma briga pessoal com essas pessoas.
Ameaça é todo dia. Agora, ameaça de processo, nenhum, por enquanto. Eu acho que virão. É parte natural do processo, mas eu estou muito bem aparado e não tô nem um pouco preocupado com processo judicial.
Showmetech: Como identificar se um vídeo é deepfake?
Bruno Sartori: Eu acho que hoje para identificar se ele é deepfake ou não a gente tem que olhar mais é o contexto, porque os vídeos estão muitos perfeitos.
Por exemplo, antes os rostos ficavam um pouco mais embaçados, os dentes ficavam unidos. Hoje, o processo está tão avançado que a gente já superou esses obstáculos e está difícil até para eu descobrir se o vídeo é falso ou não, mesmo olhando e trabalhando bastante com isso.
Showmetech: Qual futuro você vê para o deepfake?
Bruno Sartori: Com a educação da população, o futuro da tecnologia é fantástico. Ele vai ajudar a gente a criar conteúdos que antes eram impossíveis. Por exemplo, filmes gesticulados em português, vai dar a possibilidade de as pessoas estarem dentro dos filmes preditos dela, das novelas prediletas.
A comunicação vai ser amplificada a ponto de derrubar as barreiras da língua. Vamos conseguir fazer uma ligação para uma pessoa em outro país, falar em nosso idioma e a pessoa nos ver gesticulando e falando no idioma dela, no timbre de voz dela. Então, se bem utilizado, tem um futuro bastante promissor.
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