Confira abaixo o tour da Showmetech pelos exemplos de atuações de robôs no combate à COVID-19.
Robôs mundo afora
Nosso tour começa pelo Hospital Universitário Mater Misericordiae, em Dublin, capital da Irlanda. Lá as equipes estão usando softwares robóticos para testes de COVID-19. O objetivo é, principalmente, agilizar a obtenção e o processamento dos resultados dos testes. Isso é importante porque quanto antes o paciente for diagnosticado com a doença e começar o tratamento, mais chances tem seu organismo de conseguir desenvolver imunidade. Em três semanas, o hospital conseguiu realizar mais de mil testes. Os robôs foram desenvolvidos pela empresa UiPath e lançados num projeto piloto em março. Eles separam e distribuem os resultados dos testes com base nos dados do laboratório do hospital. Antes, a equipe precisava categorizar esses dados manualmente. Automatizando esse processo, os profissionais da saúde agora podem aplicar 100% do seu tempo no atendimento e tratamento dos pacientes. Saindo do software e indo para o hardware robótico, a empresa Takeoff Technologies está investindo, nos EUA, em armazéns para bombonieres e mercearias. Esses centros de distribuição terão capacidade de armazenar até 15 mil produtos. A parte robótica entra quando o cliente fizer um pedido online ao comércio escolhido. Os robozinhos vão transitar pelo armazém, recolher os produtos escolhidos pelo cliente e despejá-los numa área de empacotamento para que sejam entregues. Essa opção é importante porque vai permitir que a população continue fazendo compras para a despensa de casa sem precisar sair. E o comércio não vai falir nem expor funcionários ao risco de contraírem a COVID-19. Na China, “robôs desinfetantes” passaram a ser usados em hospitais. Eles desinfectam os cômodos usando luz ultravioleta (UV), que é capaz de eliminar micro-organismos. Esses robôs foram desenvolvidos pela empresa dinamarquesa UVD Robots, que enviou várias unidades ao país, principalmente para a região de Wuhan, que foi o primeiro epicentro da pandemia de COVID-19. Os robôs são equipados com oito lâmpadas que emitem luz ultravioleta UV-C, que destrói bactérias, vírus e outros micróbios. A luz danifica o material genéticos desses organismos, o que os impedem de se multiplicarem. Essa luz também é prejudicial para as pessoas, então os cômodos precisam ser esvaziados para que os robôs possam trabalhar. As luzes UV precisam incidir sobre 100% das superfícies. Se alguma sujeira ou obstáculo bloquear as ondas de luz, a região não será desinfectada. O processo leva de 10 a 20 minutos. Esse robô foi lançado oficialmente em 2019, com o objetivo de reduzir a probabilidade de ocorrer infecções hospitalares. Testes para comprovar a eficácia das luzes contra o novo coronavírus ainda não foram realizados, mas o executivo-chefe da empresa Per Juul Nielsen afirma que “deve funcionar”. De acordo com o executivo, a luz é eficaz contra os coronavírus de MERS e SARS. Por isso, deve ser eficaz contra a “nova versão” do vírus. Uma tecnologia semelhante a essa dos robôs é usada nos EUA. Lá, a empresa Xenex desenvolveu o LightStrike, que é um dispositivo que fornece luz UV de alta intensidade por meio de uma lâmpada em formato de U. A empresa afirma que estudos mostraram a eficácia do produto na redução de infecções hospitalares e no combate às superbactérias. Em 2014, um hospital do Texas usou o LightStrike na desinfecção de cômodos após um caso de ebola. O dispositivo também está sendo usado na Coreia do Sul, Japão, Itália e Tailândia. Os robôs também têm ajudado no combate à pandemia fora dos hospitais. Na China, robôs de patrulha 5G têm sido usados para monitorar o uso de máscaras e temperatura corporal em locais públicos. As máquinas foram desenvolvidas pela empresa Guangzhou Gosuncn Robot, com tecnologia Advantech. Os robôs são equipados com cinco câmeras de alta resolução e termômetros infravermelhos. Por meio desse equipamento, as máquinas conseguem escanear a temperatura corporal de até 10 pessoas simultaneamente, num raio de cinco metros. Ao detectarem temperaturas acima do normal ou a ausência de máscara, os robôs enviam um alerta às autoridades. Na prática, os modelos integram tecnologias de internet das coisas, inteligência artificial, nuvem e big data. Tudo isso é usado para realizar a detecção ambiental, tomada de decisão, controle autônomo de movimento e detecção e interação comportamental. Para permitir toda essa computação avançada, os robôs de patrulha 5G são equipados com um computador de borda industrial de alto desempenho – o MIC-770 – da Advantech, que é voltado para aplicativos de internet das coisas. Na Tunísia, o Ministério do Interior colocou um robô policial (um “Robocop”, se você preferir) chamado P-Guard para circular pelas ruas de Túnis, capital do país. O objetivo é vigiar quem desrespeitar a medida de confinamento imposta pelo governo federal para impedir a propagação do novo coronavírus. O robô emite algumas falas enquanto anda pelas ruas. Entre elas estão: “Respeitem a lei, a apliquem e não saiam de suas casas para limitar a propagação [do novo coronavírus] e preservar a vida humana” e, ao identificar alguém na rua, “O que você está fazendo? Mostre-me sua identificação. Você não sabe sobre o confinamento?”. Segundo Anis Sahbani, criador do robô e fundador da empresa Enova Robotics, a máquina foi usada pela primeira vez em 2015 para realizar patrulhas de segurança. Sahbani também afirmou que o robô opera de forma autônoma, por meio de inteligência artificial. Em Cingapura, o governo testa uma iniciativa bem parecida mas usando o robô Spot (aquele que imita um cachorro), da Boston Dynamics. O objetivo é lembrar as pessoas de que é necessário manter as regras de distanciamento social mesmo quando estão passeando com o cachorro no parque. O Spot não é um robô do tipo “automático”. Ele deve ser controlado por um operador humano através de controle remoto. Assim, através das câmeras e do sistema de som instalado no equipamento, o controlador consegue monitorar o parque de dentro de uma cabine de segurança e reproduzir mensagens lembrando sobre a importância do distanciamento sempre que for necessário. De acordo com a NPark (órgão federal do governo de Cingapura responsável pelo gerenciamento dos parques do país), esse monitoramento será feito apenas para se estimar quantas pessoas estão no local e lembrá-las de se manterem distantes umas das outras. Ainda segundo o órgão, nenhum dos robôs utilizados irão coletar dados pessoais dos visitantes. E as imagens transmitidas para o controlador não serão usadas para a identificação de indivíduos.
Robôs no Brasil
O auxílio dos robôs no combate à COVID-19 não ocorre apenas no exterior. No Brasil, alguns exemplos disso já começaram a surgir. No Hospital das Clínicas de São Paulo (SP), três robôs estão sendo utilizados no tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Eles funcionam por meio da plataforma de criação e gestão de bots Pluginbot. Além de evitar que mais profissionais da saúde se contaminem, os robôs ajudam no contato (virtual) entre pacientes e familiares. Funciona da seguinte forma: na triagem, o enfermeiro controla o robô enquanto se mantém afastado do paciente com suspeita de contaminação. É o robô que faz as primeiras perguntas, sondando, por exemplo, se a pessoa tem problemas respiratórios. Segundo Lilian Arai, diretora da empresa Hackmed, que é responsável pela intermediação entre os hospitais e as empresas que implementam esse tipo de tecnologia, a principal função desempenhada pelos robôs tem sido a televisita de familiares. A tecnologia também permite que os pacientes recebam tratamento psicológico de maneira remota. Tem casos, também, que pacientes internados na UTI são atendidos por meio de robôs ao solicitarem ajuda dos profissionais da saúde. Até os médicos têm usado o aparelho para conversar com colegas de trabalho, que estão em isolamento, para discutirem sobre o tratamento dos pacientes. De acordo com o CEO da startup especializada em aplicações para robôs de atendimento XRobô, André Araújo, muitos modelos robóticos e tecnologias novas passarão a ser utilizadas com maior frequência por conta da urgência do momento. O executivo acrescenta que, no caso dos robôs, existem diversas possibilidades de aplicação na área da saúde. Modelos humanoides (como o da imagem acima) podem ser usados para disseminar informação em salas de espera ou até mesmo como provedores de entretenimento e interação para pacientes em isolamento hospitalar (como é o caso dos robôs que oferecem televisita). Para Araújo, isso ajuda a amenizar os efeitos colaterais do confinamento em hospitais. Fontes: Wall Street Journal, BBC e The Guardian