A ex-funcionária, Frances Haugen, trabalhou como gerente de produtos na companhia e era responsável por projetos relacionados com eleições. Ela apresentou uma série de denúncias sobre as práticas da rede social em diversas frentes. Além da entrevista televisionada, ela também repassou documentos para o Wall Street Journal que mostraram, entre outros pontos, que há uma política de proteção de celebridades — que não precisam respeitar as regras internas — e que o Instagram sabe que a rede é “tóxica” para os adolescentes, mas nada faz. Ainda de acordo com Haugen, tais denúncias sobre resultados de pesquisas que foram “escondidas” dos investidores e do público, foram apresentadas também a órgãos estadunidenses. Ela deve ser ouvida por uma comissão do Senado nesta terça-feira (5).
Fazendo vista grossa
De acordo com o antigo perfil no LinkedIn, Haugen trabalhou no Facebook até o início de 2021. Ela revela que não acreditava que a empresa estivesse disposta em investir no que realmente é necessário para que a plataforma seja um ambiente saudável. Haugen afirma que o problema teve início com o algoritmo do Facebook lançado em 2018. Analisando as formas de engajamento, a plataforma descobriu que os conteúdos que inspiravam medo e ódio nos usuários eram os que tinham melhor desempenho. Mark Zuckerberg, por sua vez, disse, na época, que as alterações eram “positivas e visavam o bem-estar das pessoas”. No entanto, o resultado passou a ser o aumento da propagação de conteúdos relacionados a discursos de ódio. Um documento vazado também destaca: “Estimamos que podemos trabalhar de forma menor com 3 a 5% de conteúdos de ódio e cerca de 0,6% de violência e incitamento no Facebook”. Outro documento diz: “Temos evidências que uma variedade de fontes de discurso de ódio, discurso político divisionista e desinformação no Facebook e na família de aplicativos estão afetando sociedades em todo o mundo”. Haugen foi incisiva e disse: “a versão do Facebook que existe hoje está a separar as nossas sociedades causando violência étnica em todo o mundo”.
Reação do mercado
Após a massiva cobertura das denuncias de Haugen, as ações do Facebook caíram 4,89% na bolsa de valores americana. Além da bolsa, os lucros da empresa de Mark Zuckerberg estão caindo a cada segundo, literalmente com a queda de serviços em escala global na tarde desta segunda-feira (4). Como se tudo já não estivesse ruim, de acordo com o Privacy Affairs, hackers estão vendendo dados de 1,5 bilhão de usuários do Facebook. Por hora, não há confirmação que a venda de dados está diretamente relacionada com a queda dos servidores das redes sociais. Porém, todo esse caos deve ser levado em conta para os investidores.
Representantes do Facebook negam acusações
Nick Clegg, vice-presidente de assuntos globais do Facebook, esteve no programa Reliable Sources, da CNN americana. Horas antes do 60 Minutes, o executivo defendeu a empresa sobre as recentes alegações publicadas. “Isso é ridículo. Penso que é um conforto para as pessoas supor que deve haver uma explicação tecnológica para as questões de polarização política nos EUA”, disse Clegg. O porta-voz do Facebook, Andy Stone, também rebateu as acusações, dizendo que “sugerir que encorajamos um conteúdo maléfico e não fazemos nada não é verdade”. Antigone Davis, chefe global de segurança do Facebook, foi escrutinado pelos legisladores americanos sobre a rede social Instagram por ter um algoritmo gerado pela aplicação que faz uma pesquisa automática e preenche os feeds com fotos que podem ter impacto prejudicial sobre as crianças. O Facebook também se pronunciou no Brasil, em resposta ao G1, a empresa também nega as acusações: Quer saber mais sobre sobre o que poderia ter ocasionado a queda dos servidores do Facebook e demais redes sociais do grupo? Confira nossa reportagem explicando como um erro de DNS pode ter ocasionado o blackout na internet nesta segunda-feira. Fontes: The Verge, G1