Para a época, era aparelho mais avançado do mundo. Naquele tempo, a empresa finlandesa de celulares já competia com gigantes como a Motorola e a Samsung, e estava prestes a conhecer o seu mais novo rival, o iPhone da Apple, que seria lançado nos meses seguintes. O Nokia N95 era um modelo com design inovador, feito para deslizar a tela para cima – para evidenciar o teclado físico – ou para baixo – para que fossem vistos os botões de comandos multimídia. E sim, botões adicionais e bem posicionados eram a sensação em uma era onde telas sensíveis ao toque ainda era desengonçadas e pouco conhecidas. A tela, grande para a época, tinha 2,6 polegadas e 16 milhões de cores. Todo de plástico, o modelo tinha “aspecto” metálico na área frontal uma traseira em forma de concha roxa-ameixa. Posteriormente, o modelo ganharia uma versão turbinada, chamada de Nokia N95 8GB, na cor preta. O kit de câmeras contava com um sensor traseiro de 5MP e lentes Carl Zeiss, com autofoco e flash LED; e uma câmera frontal para videoconferências, com resolução QVGA. Sim, em 2007 já existia um celular que fazia “facetime”, caro Steve. Outras características incluíam os alto-falantes duplos, GPS integrado, suporte para cartões microSD e rodava o sistema Symbian OS 9.2 (S60). A velocidade das redes da época era lentíssima, com o 3G presente apenas em alguns países, mas o modelo também tinha suporte para conexões Wi-Fi e Bluetooth, mostrando-se um senhor hardware naqueles tempos. Comprá-lo não era uma tarefa fácil. Primeiro, era preciso esperar meses após o lançamento, para que o aparelho finalmente chegasse às lojas de países selecionado. Segundo, era preciso encontrá-lo, já que o modelo – que custava em torno de 800 dólares – esgotava rapidamente. É claro que o modelo tinha falhas. Na tentativa de ser um computador de bolso, o N95 sofria com travamentos de sistema – usando o finado Symbian S60 – conexões incostantes e uma vídeo-chamada que era quase impossível de ser usada de fato. A carcaça de plástico, no entanto, era muito resistente: ao cair no chão, o aparelho se desmontava em várias peças, para desespero do usuário, mas era possível remontá-lo como se fosse um brinquedo LEGO. Mas, com o tempo, a “tinta metálica” logo mostrava seu limite. Mesmo assim, o Nokia 95 foi, para a época, um incrível pedaço de tecnologia. A proposta mostrava o folego da Nokia, que conseguiu embalar em um pequeno produto algumas das mais avançadas tecnologias da época. Ele também mostrava a criatividade da empresa, que já era conhecida por testar designs inovadores a cada novo lançamento. O modelo foi o primeiro telefone que oferecia tudo que você precisava em um pacote pequeno e elegante – que é o que o tornou especial. Posteriormente, a Nokia lançaria mais aparelhos interessantes como o N95 8GB, E71 e N900. Mas, com a chegada do iPhone (junho, 2007) e do sistema Android (2008), as telas sensíveis ao toque e sistemas operacionais pensados para elas começaram a ofuscar a atenção dada à empresa finlandesa, que nunca conseguiu se adaptar decentemente a este mercado. Por isso, talvez o N95 possa ser considerado como o melhor exemplo da inventividade e sede por inovação que a Nokia teve em toda a sua existência. O modelo também entrou para a história como um dos smartphones mais cultuados de todos os tempos.