Ao contrário de nossas colegas polinizadoras, entretanto, faz-se necessário avaliar o que realmente pode vir com o próximo título da From Software, responsável por gigantes como a série Souls e o aclamado Sekiro: Shadows Die Twice. Que a empresa sabe fazer ótimos jogos já é de conhecimento geral, mas o que será que acontece quando ela decide se juntar com um grande contador de histórias medievais como George R. R. Martin — considerar somente os livros da série As Crônicas de Gelo e Fogo para essa nomenclatura, de preferência — e apostar num roteiro aparentemente tão sombrio quanto o da série Souls? Bem, vamos ao que interessa: uma análise detalhada do trailer de apresentação, este que você pode conferir ao fim do post.

O que esperar de Elden Ring segundo o trailer?

A primeira coisa que salta aos olhos — e, convenhamos, a primeira que aparece no vídeo — é este simpático cavalo, que está cheirando a mão de alguém caído. Considerando os jogos da From Software, é bem plausível que este seja o nosso protagonista, que normalmente começa o jogo em situações precárias, quase sem esperança, vide Dark Souls, em que você está preso no Undead Asylum, ou Sekiro, em que o protagonista de nome homônimo perde um braço logo no início. Claro que a criatura tombada pode ser também um NPC morto, ou simplesmente não ser nada de importante, servindo apenas para introduzir a personagem feminina que aparece em seguida. A moça encapuzada, que mais parece uma versão remasterizada da Mãe Miranda de Resident Evil Village, no que lhe concerne, introduz uma coisa interessante em seu diálogo de abertura, que permite algumas suposições iniciais: A From Software é uma verdadeira mestra no que diz respeito à semiótica dos trailers e dos próprios jogos. A legenda, que normalmente acompanha as introduções dos seus títulos, não costuma ter distinção de caracteres maiúsculos ou minúsculos, o que já nos indica certa obscuridade no próprio trailer. De todo modo, devido a outras dicas que aparecem ao longo dos dois minutos do vídeo, é possível indicar que Tarnished, ou Manchado, em tradução livre, é o protagonista, dado que este tipo de epíteto é concedido às personagens da série Souls, como The Chosen Undead e The Ashen One, por exemplo. Um contraponto, no entanto, é o de que o artigo definido the, em inglês, não indica, necessariamente, flexão de número, ao menos não sem contexto. Isso significa dizer que pode muito bem ser “o/a manchado(a)” quanto “os/as manchados(as)”, implicando num tipo de sociedade, seita ou mesmo status. A questão do status, por exemplo, é relevante ao lembrarmos que, em Dark Souls, há muitos Undead e mesmo vários Chosen Undead, de acordo com o diálogo com o Crestfallen Warrior que encontramos assim que chegamos à Firelink Shrine. No próprio trailer de Elden Ring, há algumas suposições a serem feitas de acordo com a fala de uma determinada personagem — um chefe, ao que tudo indica. Apesar do estilo bastante personalizado e da conversa, é possível que ele seja o primeiro ou, pelo menos, um dos primeiros que o jogador enfrentará. Isso considerando, claro, que a “árvore da vida”, sobre a qual falarei adiante, signifique o início da jornada, e não o fim. Agora, faz-se necessário observar um pouco mais a fundo a história de fato do jogo.

Fragmentos da história oficial

Com essas suposições iniciais feitas, podemos proceder ao site oficial do jogo. Nele, há descrições oficiais e pontos de interesse para quem busca mais informações sobre a história do título. Mesmo com esses dados, a mitologia do próprio jogo ainda é um tanto obscura, como era de se esperar da dupla Miyazaki e George Martin. De todo modo, a primeira coisa da qual podemos tirar proveito é o fato de que houve uma guerra no mundo de Elden Ring, chamada The Shattering, que, em tradução livre, pode significar A Quebra, A Fragmentação ou algo no mesmo estilo. Essa guerra foi responsável pelo abandono “dourado” da Vontade Maior (Greater Will, no original). Se essa vontade é algo fruto dos deuses, que estão presentes, como logo direi, ou então uma espécie de fé individual, não dá para saber. Agora, o mundo de Elden Ring, chamado de The Lands Between, ou, em tradução bastante livre, As Terras Intermediárias, é, como sugere o nome, governado por vários semi-deuses, filhos da rainha Marika, a Sempiterna (Marika, the Eternal, em inglês) que carregam fragmentos do Elden Ring, um anel de poder inimaginável. O conceito de fragmentação parece bem forte no jogo, dado que há várias instâncias em que ele aparece, seja na terra dividida, no próprio anel ou na Vontade Maior. Os pedaços do anel, inclusive, são chamados Grandes Runas, o que aponta um pouco da influência da mitologia germânica no game, que também aparecerá na forma da grande árvore dourada que veremos logo adiante. Temos a confirmação de que os Tarnished foram uma tribo ou clã que pertenceu a essas Terras Intermediárias, mas foram expurgados do mundo devido à guerra. Outro fator interessante é o de que, segundo a Bandai Namco, os Manchados devem cumprir a profecia de reconstruir o anel perdido e assumir o comando do reino. Te lembrou algo? Se não, eu ajudo: isso parece muito com a jornada de Aragorn, em O Senhor dos Anéis. Primeiramente visto como um Guardião do Norte, ou Ranger, fica claro, ao longo da narrativa do livro, que Aragorn é, na verdade, o rei prometido de Gondor, descendente de Isildur. Considerando que foi George Martin quem escreveu grande parte da mitologia do jogo, é bem provável que você morra ao chegar ao final da trama. Brincadeiras à parte, informações oficiais confirmam também personagens espalhadas pelo mundo de Elden Ring, principalmente nas cidades, que mais se parecem ruínas, do que foi o grande reino de outrora. Elas passam missões e podem te ajudar ou te prejudicar (maldito Patches). Outra característica, já conhecida dos fãs tardios da série Souls, são as várias armas e ataques especiais, refinados desde Dark Souls 2. O aspecto positivo aqui é que as magias parecem estar melhores, mas só o tempo dirá. Um ponto interessante é que, segundo a Bandai, o jogador pode escolher vários caminhos de exploração num mundo semi-aberto. Difícil delimitar o que, exatamente, isso significa, mas talvez tenhamos mais liberdade de escolha do que em outros jogos da From Software, o que é uma inovação bem-vinda. Como na imagem acima, parece ser possível encontrar mercenários e outros tipos de soldados espalhados pelo mapa e enfrentá-los, seja diretamente ou num modo mais stealth. E, como afirma a narradora, você vai morrer bastante, por causa de alguma maldição, como sempre. Mas nada disso é novidade, convenhamos.

A árvore dourada

A primeira cena mais imponente, por assim dizer, apresenta ao espectador uma gigantesca árvore dourada. O que ela significa? Qual o objetivo de colocá-la? Onde ela se encontra? são apenas algumas das perguntas que atravessam a mente dos mais curiosos. Árvores do gênero não são incomuns na história da humanidade, seja na arte, na religião ou na literatura — o exemplo mais básico seria Yggdrasil, a árvore fundamental da mitologia nórdica/germânica, que representa, de forma bem breve, aquilo que se convém chamar existência. Para quem gosta de mangás, uma semelhante também está presente em Berserk, de Kentaro Miura, inspiração constante do Hidetaka Miyazaki. Vide: O nome oficial da nossa querida árvore fantasmagórica é Erdtree. Erd, em alemão, dá a ideia de terra e solo, o que, numa tradução livre, significaria Árvore Terrestre, por mais que pareça um pleonasmo. A árvore parece bastante importante, dado que é mencionada como a criação do próprio Elden Ring. Não fosse o fato de sabermos que a personagem principal chega às Terras Intermediárias atravessando um oceano, poderíamos supor que a árvore fosse uma espécie de Nexus. Talvez ainda seja, mas um que precise ser descoberto. De qualquer modo, ela terá um papel fundamental, de um jeito ou de outro. É interessante notar também que, quando a primeira narradora versa sobre o retorno dos Manchados e afirma que eles serão guiados pela graça antes perdida, a câmera está virada para a árvore. Talvez a Erdtree seja, de fato, um local de descanso e sirva, literalmente, como essa graça perdida, ou pelo menos abrigue seja lá quem representar essa entidade. Algo que não ficou muito claro, inclusive, foi o sistema de descanso — fogueiras? encontros com NPCs? lanternas no meio da rua?

Jogabilidade

Ainda que as histórias obscuras tenham progredido ao longo dos jogos da From Software, um aspecto fundamental que se desenvolveu com os anos foi a jogabilidade. Desde as mecânicas travadas do primeiro Demon Souls, passando pelo estilo pesado de Dark Souls, enfrentando um pouco mais de liberdade em Dark Souls 2, experimentando com Bloodborne, refinando as experimentações em Dark Souls 3 e, finalmente, alcançando a perfeição em Sekiro, a From Software se destacou ao ouvir as críticas dos fãs e melhorou cada vez mais. Então vamos lá, na ordem do trailer. Essa mecânica provavelmente era óbvia para quem está acostumado a jogar outros RPG’s, mas inexistia nos títulos da From Software. Sim, estou falando dela: a mudança de horas do dia. Também conhecida, popularmente, como tempo. Já está confirmado que o jogador poderá enfrentar alguns inimigos durante a noite, o que facilitaria, por exemplo, emboscadas e se movimentar com mais cautela. O quanto disso vai ser derivado de skills ou armas, entretanto, ainda precisa ser visto. Pode ser que, para descansar, como na segunda imagem, seja necessário montar um acampamento, o que implica várias adversidades possíveis. Parece uma coisa besta, mas MONTARIAS facilitariam demais a vida num mundo aberto da FromSoft como parece ser o caso de Elden Ring. Dark Souls 3, por exemplo, estava no limiar do aceitável sobre andar a pé para um lado ou outro, e olha que o mundo já era relativamente grande. Andar aleatoriamente pelo que é o maior mundo semi-aberto da história da produtora não me parece muito tentador, e olha que eu tenho 600 horas de Fallout: New Vegas, caçando casas vazias, tesouros inexistentes e batendo a cabeça em paredes invisíveis. Por isso, esse… búfalo? híbrido? Não sei ao certo, mas sei que não é um cavalo, pode ser tão bom. E ele significa também combate montado! Finalmente os usuários de lança ficarão ainda mais insuportáveis do que já o são em outros títulos com PvP (player vs player, o famoso x1). Numa captura anterior, sobre a aparição de mercenários aleatórios durante a jornada, é possível ver um pouco desse estilo de luta montado. Além disso, há, ainda, outra cena que mostra a personagem pulando da montaria e já engatando um combo contra um grupo de adversários. Talvez seja indício de que os golpes únicos também serão transplantados para esse sistema montado. Temos o retorno das tochas para lugares sinistros e, lógico, das armas de duas mãos. Curiosamente, a personagem fica bem no meio do ataque do esqueleto — não dá para saber se ela tomou dano ou não, mas que pareceu esquisito, pareceu. De qualquer maneira, essa é provavelmente uma espada longa comum, sem muitos floreios, ao contrário daquela que aparece na primeira captura desta seção. Aquela, meus amigos, é uma espada mágica. Gostaria que tivesse mais detalhes, mas nada é perfeito, infelizmente. Temo que só quando o jogo sair é que saberemos a qualidade das magias. Uma aparição inesperada foi a de um arco, que, ao que tudo indica, parece bem mais dinâmico que seus antecessores. Outra breve surpresa está localizada nessas áreas circulares. Podemos supor que elas estão espalhadas pelo mapa, ainda que só uma tenha sido mostrada — esses pads, por assim dizer, servem para dar impulso ao jogador quando ele estiver galopando. Também não dá para saber se elas servirão somente para montarias ou se o protagonista poderá usá-las, ou ainda os inimigos. O que dá para esperar, entretanto, é um mapa grande e cheio de construções gigantescas. Passado o segundo momento Kentaro Miura do post, outro retorno, ainda que um tanto inexplorado, é o do co-op, ou modo cooperativo. Ele nunca foi exatamente complexo em outros jogos da produtora; você encontrava o nome brilhante do seu coleguinha, invocava-o num instante e pronto, vocês podiam enfrentar um chefe, se defender de espíritos invasores ou mesmo atacar outras pessoas. Dessa vez, entretanto, parece haver, em Elden Ring, uma maior profundidade no modo, sendo possível, quem sabe, até mesmo fazer uma jornada com o espírito amigável. De acordo com o site oficial da Bandai Namco:

Chefes e inimigos

O que não faltou no trailer de apresentação da gameplay de Elden Ring foram chefes e inimigos dos mais variados. Desde cavaleiros clássicos até mãos gigantes chamuscadas, passando por ogros, cabeças flamejantes, alces verdejantes, esqueletos e monstros padronizados, deu para perceber que qualquer um vai encontrar pelo menos 10 inimigos dignos. A ordem de aparecimento, entretanto, continua um mistério; como mencionei lá no início do texto, o chefe que te despreza como um Manchado qualquer pode muito bem aparecer no início ou no final, dependendo da relação com a árvore dourada. Julgando pela atitude de obrigar a personagem a se ajoelhar, podemos imaginar que ele é um dos lordes que está com um dos fragmentos do referido anel. Ou, quem sabe, um protetor de algum deles. O que importa é que ele não parece muito amigável, seja por causa do machado gigante ou devido às várias mãos protuberantes em seus braços, que lhe conferem uma aparência digna de chefe final de Resident Evil. É melhor assistir ao vídeo, porque são tantos que eu passaria vários minutos adicionando imagens seguidas. Bom, a imagem acima ilustra outra mecânica bastante pedida pelos fãs e que também é bem básica: o pulo. Mais de uma vez no trailer, vemos a personagem saltando, seja da montaria para o ataque, seja para desviar de algum golpe usando outra manobra, ou para atacar. Ainda que a cena acima mostre o que é com certeza uma cutscene, a mecânica realmente parece estar presente, para alegria de todos nós. Mal posso imaginar quais tipos de combos insanos serão feitos e quais armas serão as melhores nessa nova dinâmica de combate. Bom, esta foi a análise do trailer. Claro que ainda há milhares de coisas para serem pensadas e teorias a serem desenvolvidas, como a presença da rainha Marika num dos frames do trailer, guardada por um espadachim nada convidativo, ou os vários castelos imponentes e maravilhosos que aparecem ao longo da jornada, alguns em ruínas, outros em plena atividade. Mal posso esperar para encontrar a área pantanosa que vai fazer os quadros por segundo do Playstation 5 passarem vergonha — e, no caso dos jogadores, raiva. E, claro, a mulher gigante de cabelo vermelho que cola o braço de volta e atravessa um cavaleiro com uma espada digna do Sephiroth de Final Fantasy VII. Será ela a próxima Lady Dimitrescu? Bem, saberemos mais para a frente. A seguir você pode conferir o trailer completo de Elden Ring. O que mais você pensa que vale a pena esperar de Elden Ring? Conte-nos na seção dos comentários e faça suas apostas e análises. Lembrando que ele foi a última coisa anunciada no Summer Game Fest 2021, evento que precedeu a E3. Ah, a data de lançamento está marcada para o dia 21 de janeiro do ano que vem, então preparem-se.

Veja mais:

Fontes: Bandai Namco | 600 horas de Dark Souls | 300 horas de Dark Souls 3

O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 82O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 43O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 63O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 40O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 67O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 60O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 32O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 81O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 58O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 93O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 34O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 74O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 25O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 46O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 6O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 71O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 29O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 13O que esperar de Elden Ring  jogo do criador de Game of Thrones - 34