Nos últimos dias pudemos testar o Montblanc Summit Lite e como ele lida com o uso na rotina e te contamos aqui o que achamos deste pomposo relógio inteligente.
Wearable de Luxo
O smartwatch de luxo Montblanc Summit Lite tem tela AMOLED de 1,2’’ com borda ultrafina e um design arredondado e sutil. A nossa versão testada possuía caixa de alumínio cinza e uma pulseira de tecido azul, mas ele também está disponível no site da fabricante em outras variações monocromáticas – e tem até uma versão com pulseira de borracha. A ideia do gadget é ser um wearable fitness de luxo e isso fica claro desde o momento que ligamos e vemos os atalhos rápidos para os aplicativos dedicados à malhação. O Summit Lite conta com o sistema Wear OS da Google, uma forma de atrair quem está habituado à interface padrão à la Android. Na traseira do produto temos os sensores de batimento cardíaco e os conectores magnéticos para carregar. A base e o cabo inclusos são padrão USB-C, por sinal. A lateral do relógio traz três botões, contando com uma coroa giratória para navegar pelos menus. Convenhamos: o fato de adquirir um smartwatch Montblanc é o quão bem ele vai iludir desavisados que pensarem que o mostrador não é digital, lembrando um relógio convencional da marca. A tela tem boa qualidade e resolução, mas a densidade de pixels e o brilho em si só convencem em ambiente bem iluminado. A coroa clássica até possui o logotipo da marca, de forma discreta, mas nada mais o torna “tão original” ao ponto de ser um desvio de visual se comparado ao de outros smartwatches.
Setup inicial
O setup inicial foi simples, seguindo o padrão do Wear OS. Instale o app no celular, dê uma dezena de permissões (aceite todas), siga o tutorial e pareie com o gadget. Dentre os primeiros itens de atalhos temos certas funções e aplicativos inclusos especialmente no Montblanc Summit Lite. O Cardio Coach é seu “treinador pessoal” com dicas de exercício em tempo real, o Energia Corporal compila atividades físicas e qualidade de sono para indicar a “carga restante” de energia do usuário, Sono é monitoria do sono e o Estresse te rastreia e dá conselhos para tranquilizar (também com monitoria em tempo real).
Tela
A tela tem ótimo brilho, poupando de colocá-la no nível máximo mesmo debaixo do sol. Por ser AMOLED, era de se esperar que pretos fossem escuros e as cores fossem bastante vivas. Isso é 100% verídico com o Lite. A pulseira de tecido se mostrou confortável em longos períodos de uso, mas não recomendo muito para dormir – creio que a opção de borracha da pulseira do Summit Lite seja melhor neste caso. Por ele ser resistente a respingos de água e aguentar um mergulho de pressão 5ATM (50 metros submersos, por 10 minutos), nada que usá-lo para natação ou um banho possa apresentar defeitos a curto prazo. Há possibilidade de ativar a tradicional função Always On para manter a tela sempre ligada, mas isso faz com que a bateria seja drenada com uma velocidade considerável. As opções de mostrador agradam, tendo uma dupla belíssima da Montblanc à disposição. O modo rotativo se mostrou bom para quem enjoa com facilidade. Um detalhe inesperado foi um erro infeliz de concordância ao escolher meu primeiro estilo de interface (o relógio estava “a carregando” o tema escolhido).
Performance e uso na rotina
De maneira extraoficial, pois nem a papelada inclusa na caixa e nem a seção “Sobre este dispositivo” do relógio puderam me informar, sabe-se que o Montblanc Summit Lite traz um processador Qualcomm Snapdragon Wear 3100. Em poucos meses, o Wear 3100 completa 3 anos desde seu lançamento, o que pode ser considerado ultrapassado, sem exageros. Este é o mesmo que está no Montblanc Summit 2, smartwatch mais luxuoso (e caro) que o próprio Lite, de 2018. Em particular, considero que o sistema Tizen reina como o mais intuitivo do mercado, porém, não tive problemas em me adaptar aos atalhos do Wear OS do Lite. O relógio, por sinal, traz 1 GB de RAM e 8 GB de armazenamento. Combinando isso ao Wear 3100, em poucos dias de uso não notei lags nem um longo tempo de resposta ao trocar de aplicativos. Fato é que o processador já é ultrapassado e isso pode (e deve) pesar ao adquirir um relógio luxuoso em pleno 2021. O que mais me incomodou com o fato de instalar o Wear OS e não um aplicativo dedicado ao portfólio Montblanc Summit foi a falta de compilação de informações. Tudo é exclusivo aos 8 GB do smartwatch. Talvez isso seja um costume de um ex-usuário de smartbands, admito, mas ter estatísticas e histórico de atividades no smartphone faz falta em quem pensa em usar o relógio inteligente o tempo inteiro. Quando se considera que tudo no smartwatch está voltado às funções exclusivas Cardio Coach, Energia Corporal e outras, a proposta fitness cai por terra. A ausência do status semanal integrada ao sistema ou um aplicativo parceiro para o celular fazem falta. Visto que usá-lo o tempo inteiro é a ideia do Montblanc Summit Lite, devo afirmar que temos um ponto fraco. Outra solução mais prática seria permitir integração destas funções ao presente Google Fit, por exemplo, ou aplicativos de terceiros. Infelizmente, não foi o caso.
Bateria
Direto ao ponto, a bateria do Montblanc Summit Lite dura pouco mais de um dia em uso casual. Temos a capacidade de 400 mAh e, no modo de economia de energia sem demais conexões ao celular (Bluetooth), ela pode durar cerca de 30-35 horas. Assim como qualquer outro smartwatch, o tempo da tela ligada e as funções ativadas pesam muito nesta duração. Em monitoria de uma corrida, ela “come” cerca de 1% por minuto, uma média não muito boa para quem pretende seguir uma vida fitness. Com a estimativa de uso casual, tenha em mente que o Montblanc Summit Lite estava no pulso o tempo inteiro, em conexão direta ao celular. Em testes feitos carregando a bateria assim que acordei, cerca de 9 da manhã, ele estava em cerca de 30% no começo da madrugada e 20-25% na manhã seguinte. Em geral, isso não é nem um pouco bom se compararmos a outros smartwatches de 2020/21. Lembramos que a do Huawei Watch GT2 durou cerca de uma semana comigo. Para carregá-la, calculei cerca de 1h20 dos 0 aos 100% quando conectei a base ao adaptador de tomada do meu Samsung Galaxy (USB-C). Ela até mesmo tem espaço para o cabo da Samsung, o que é útil para quem deseja um cabo longo e não quer sempre trocar as conexões do adaptador de tomada. Damos um ponto positivo para a base em si, impedindo que o relógio “sambe” por conta dos fortes ímãs quando você deixa o Lite sobre a mesa.
Conclusão e custo-benefício
Estamos falando de um relógio Montblanc. Por conta disso, é de se esperar que o Summit Lite tenha seu preço mais elevado do que outros gadgets com especificações similares. Como referência, enquanto o Galaxy Watch 3 do ano passado (também testado por mim) está hoje na faixa dos R$ 1.800 na versão de 1,2 polegadas AMOLED, o Montblanc Summit Lite está à venda no site oficial da Montblanc por R$ 6.450. Se você é o público-alvo do Montblanc, você já sabe porque adquiri-lo. Ainda assim, ao navegar pelo site da fabricante notei como investir em um Summit 2 com visual mais luxuoso por R$ 7.850 possa valer mais a pena, dado o design e a proposta. Com todas as letras, o relógio realmente tem especificações ultrapassadas e um preço muito acima da média atual (de specs superiores). Em comparativo a outro smartwatch no mesmo escalão como o Tag Heuer Connected, que traz 8 combinações de carcaça e pulseiras de altíssima qualidade, o Summit Lite ainda deixa a desejar – se limitarmos o paralelo às especificações técnicas de ambos, pois não tive a oportunidade de testar o da Tag. É inegável que o Summit Lite tem materiais resistentes que prometem zelar pela durabilidade do produto a longo prazo, mas de nada adiantaria um corpo resistente para um cérebro que é considerado “ultrapassado” desde o ano passado. Então para quem é este produto? Para o usuário que quer um sistema operacional familiar, exige integração ao smartphone Android, busca por um aparelho de estilo para todas as ocasiões e está acostumado a carregar a bateria do celular diariamente (então acostumar a carregar o relógio não seria grande inconveniente). Boa relação custo-benefício calha de ser o ponto mais fraco neste amigável “balanço” de necessidades. O comprador de canetas tinteiro Montblanc de 5+ mil reais sabe muito bem que a qualidade dos seus gadgets reforça o status. Às vezes, um apetrecho de alto padrão de marcas tradicionais como Samsung e Apple podem não saciar esta necessidade. O Summit Lite, por outro lado, pode. E aí, gostou do Montblanc Summit Lite? Conte para a gente nos comentários abaixo! Confira também nosso guia para escolher o melhor smartwatch atual para você.