A Bethesda cedeu ao Showmetech uma cópia digital Deluxe para PS4 de Wolfenstein Youngblood para testes e, após alguns dias de jogatina intensa e eletrizante, nós apresentamos a você uma análise completa desse game que convida você e seu amigo preferido a chutar algumas bundas nazistas!
Um mundo em transe
A história de Wolfenstein Youngblood se passa 19 anos depois dos acontecimentos de The New Colossus. A América está livre mais uma vez, mas os nazistas ainda dominam boa parte do globo. Eles estão no controle da Europa, e um dia B.J decide sair e fazer algo sobre isso. O problema é que nosso super-herói libertador desaparece em meio a sua cruzada contra os nazistas. Mas quem poderia resgatá-lo? Suas filhas, claro! Sem muita experiência de combate além de atirar em uma cabra e socar um saco de areia, as jovens Jess e Soph sobem em um helicóptero e se dirigem para uma Paris controlada pelos nazistas. Eles imediatamente fazem contato com a resistência, que manda as gêmeas caçarem um zepelim cheio de supersoldados. A partir daí, essas duas heroínas terão que cruzar quase toda a Europa – ainda cheia de soldados, máquinas e outras criações bélicas terríveis dos nazistas – em busca de seu pai enquanto põe suas habilidades de combatentes ao teste. Se isso soa como uma repetição mais simplória dos enredos dos títulos anteriores da série, não fique surpreso. A sensação de “estar jogando apenas mais um game da franquia Wolfenstein” fica ainda mais evidente no pouco desenvolvimento das personagens e nas interações que elas fazem juntas – mesmo se tratando de um jogo com modo cooperativo em que esse tipo de mecânica deveria ser essencial. É frustrante ver como a Bethesda decidiu sacrificar a história em prol do gameplay. Esse sentimento se intensifica mais quando se compara o desenvolvimento nos games anteriores, em que, mesmo que a história não seja inovadora ou tenha um alto grau de profundidade, ela consegue se misturar com uma precisão quase milimétrica às mecânicas de gameplay. Durante as cutscenes, Youngblood tenta chocar, fazer rir ou causar algum tipo de sensação no jogador, mas a verdade é que você deverá ficar com o rosto imóvel na maior parte do tempo. Não espere novidades em termos de visuais, localidades, ou história. Wolfenstein Youngblood é tipo como um filme-B que passaria tarde da noite na televisão. Boa parte da campanha principal se resume a um pretenso passeio pelo mesmo punhado de ruas da cidade, bunkers e túneis sombrios. O level design de quase todos os níveis do game mistura simplicidade com confusão: alguns locais são lineares demais (como as primeiras fases do game), e outros são tão confusos de navegar que você não ficará surpreso se acabar se perdendo ou sendo encurralado pelos inimigos. O pior é imaginar que os responsáveis por esse design são a Arkane Studios, mesmos criadores dos cenários ricos em detalhes da série Dishonored.
Ação, sangue e repetição!
Além da mecânica inédita de jogo cooperativo, outra adição ao game que torna os combates mais interessantes e consegue quebrar um pouco da repetição nos padrões dos tiroteios são as habilidades que você pode desbloquear tanto em Jess quanto Sophie. Estas habilidades podem aumentar sua força, resistência e danos (para quem prefere um combate direto) ou sua capacidade para se esconder e evitar a atenção dos inimigos (para os jogadores que são fãs da furtividade). Você vai acumulando pontos de experiência pela quantidade de inimigos mortos em cada nível e a maneira como você executa eles. No final de cada rodada, você pode conferir quantos pontos possui e escolher qual habilidade irá desbloquear. Dessa forma, por exemplo, se você desbloquear uma habilidade que torna uma das irmãs praticamente invísivel aos inimigos, você poderá evitar sequências de tiroteios prolongados (mesmo com a furtividade sendo muito limitada no level design dos níveis). Infelizmente, em questão de ser sorrateiro, Wolfenstein Youngblood continua oferecendo a mesma mecânica característica da série: você pode caminhar lentamente e matar um inimigo apenas por trás. Além disso, a maioria dos inimigos insiste em usar capacetes à prova de balas, o que prejudica qualquer estratégia de matar seus adversários sem ser visto. Se você tentar atirar nesses soldados, além de não conseguir matá-los com apenas um golpe, eles irão se esconder em algum lugar e vão alertar seus companheiros. Nesses momentos, fica evidente que Wolfenstein Youngblood parece forçar o jogador a se atirar de cabeça na ação, atirando para todos os lados. Porém, logo no começo do game, quando você está escolhendo as habilidades iniciais de sua personagem, você pode selecionar uma habilidade de invisibilidade, tornando você praticamente invisível a qualquer inimigo. Mesmo durando um tempo limitado, ao utilizar essa capa ao melhor estilo Harry Potter, é possível ignorar qualquer tipo de combate. A sensação que fica é de que Wolfenstein Youngblood não consegue decidir sobre qual tipo de experiência quer proporcionar ao jogador: ação direta ou combate furtivo. Por via das dúvidas, fique sempre atento à sua munição e meta bala nos nazistas! Por causa da forma como as batalhas e confrontos no game são construídos, fica o questionamento do porquê incluir uma opção de combate stealth quando o jogo claramente não “premia” o jogador que opte por essa estratégia. No modo co-op é muito divertido combinar com seu amigo como você ou ele podem abordar furtivamente um inimigo, mas essa estratégia cai por água abaixo quando a maioria de seus adversários tem resistência a esse tipo de ataque e você simplesmente precisa jogar tudo para o alto e sair na porrada e tiro com os nazistas.
Muitos tiros e poucas surpresas em Wolfenstein Youngblood
Apesar de o foco de Wolfenstein Youngblood ser no modo cooperativo entre amigos, não se atire diretamente nas primeiras missões que aparecerem na sua tela principal. Se você quiser ter alguma chance de enfrentar os inimigos mais poderosos que aparecerão em seu caminho, é altamente recomendável que você escolha as missões das irmãs que fazem parte da campanha principal do game, pois eles desbloqueiam armas mais poderosas e interessantes (mesmo que muitas sejam aparelhos já conhecidos pelos fãs da franquia). Também é importante mencionar que você pode optar por uma jogatina em modo solo no game. A Inteligência Artificial de sua outra irmã não é tão atrapalhada quanto se poderia imaginar em um game que oferece um combate às vezes bastante frenético. A IA irá te ajudar nos momentos de aperto e também você pode pedir ajuda para ela te ressuscitar quando for abatido no meio da luta. Porém, não espere que as IAs dos inimigos foquem apenas na sua companheira, pois seus adversários irão caçar vocês dois de forma igual no game. O tiroteio de Wolfenstein Youngblood é sólido e muito satisfatório. Se você gosta de experiências em que ação domina boa parte do tempo, o game certamente não irá decepcionar e você vai se sentir mais poderoso a cada nazista que exterminar. Uma pena que essa dose cavalar de ação fica prejudicada muitas vezes porque você simplesmente não sabe como executar um comando específico. Muitas das informações vitais que você precisa saber, como se inclinar para desviar de tiros ou viajar rapidamente de volta a sua base se necessitar fazer algum ajuste de configuração ou em seu equipamento, são reservadas a ficar na tela de carregamento. É verdade que muitos jogadores odeiam níveis de tutorial ou mesmo janelas que ficam aparecendo a todo momento durante o gameplay, mas pausar para verificar uma dica ou instrução somente pode ser feito no modo solo, uma vez que no modo cooperativo isso significa deixar o game ainda em execução e se tornar um alvo fácil para seus inimigos. Talvez o único ponto que não cabem reclamações em Wolfenstein Youngblood seja no seu modo cooperativo. A experiência entregue por esse modo de gameplay é de alta qualidade e eu tive poucos ou quase nenhum problema relacionado à questões de lag, falhas de conexão ou carregamento dos níveis e inimigos. Se você chamar um amigo para explodir e aniquilar alguns nazistas (ou mesmo um jogador randômico), fique preparado para horas de muita diversão, ação, tiros, sangue e xingamentos em alemão dos seus adversários. Mesmo falhando em trazer inovações e surpresas para a série, Wolfenstein Youngblood não deixa de ser um jogo divertido. Se você não se importar com narrativas desarticuladas, níveis repetitivos ou piadas dignas de constrangimento, você ainda vai poder se deliciar com o combate sólido que o game oferece e pela qualidade e polimento que sempre podemos encontrar nos títulos que juntam os talentos da Bethesda com a MachineGames.