Isso representa um salto de 46% em relação ao episódio da semana anterior e mais que o dobro da season finale da primeira temporada. Sabemos que o enredo centrado no comportamento bizarro de pessoas terrivelmente ricas em férias funcionou antes, então, o que a antologia trouxe de novo? Confira se todo o alvoroço a cerca do título é válido em nossa crítica:
Nova safra de gente rica
Longe dos filtros azulados da primeira jornada pelo Havaí, a sequência de The White Lotus traz o caos roteirizado e dirigido por Mike White para a ensolarada Sicília. Vale mencionar que a nova viagem é fruto de várias vitórias da primeira temporada no Emmy, incluindo melhor série limitada ou antológica, melhor roteiro, melhor direção e melhor atriz coadjuvante em uma série limitada para Jennifer Coolidge, sendo ela o único elemeto conectivo entre as duas temporadas. Ou seja, altas expectativas! Valentina, interpretada pela atriz italiana Sabrina Impacciatore, é a gerente do hotel de luxo desta vez, responsável por receber a nova safra de hóspedes ricos e excessivamente mimados, cada um com questões pessoais a serem resolvidas. É exatamente aqui que se encontra a magia da série: entrelaçar dramas fúteis de pessoas sem caráter, formando uma panela de pressão que nos deixa tensos e empolgados para descobrir quem morre e quem matou em meio a tanta gente de índole duvidosa. No começo, é bem difícil gostar de alguém, a não ser por figurinhas que a gente já conhece, como a Tanya e até mesmo a Harper, vivida por Aubrey Plaza, a April de Parks and Recreation (isso é algo bem pessoal). Porém, a tensão era o motivo pelo qual não pude parar de assistir, é como um jogo de beisebol onde nada acontece, mas é tão tenso por causa do que PODE acontecer.
Mesmos dramas fúteis
Para chegar até o ápice do episódio final, acompanhamos muitos dos mesmos temas da temporada passada que se consagrou ao criar uma parábola do que a elite tira da subclasse com um final sangrento. Dinheiro, poder, sexo, com um toque a mais de insatisfação conjugal, mantendo a sátira, desespero e o ressentimento que caracterizam o tom dessa “comédia”. Em todos os núcleos, Mike White demonstra seu talento para criar interações sociais estranhas, desconfortáveis e, acima de tudo, verossímeis, onde os personagens dizem mais pelo que não estão dizendo. E mais uma vez, ele constrói o enredo em torno de um mistério de assassinato, mas com escrita especialmente dedicada às relações. Apesar da minha descrição pejorativa dos tais ricos mimados, sempre atingimos um ponto que conseguimos sentir empatia por eles, como a situação de Harper e Ethan, um casal que não sabe se o casamento sobreviverá à riqueza repentina de Ethan, ou os Di Grassos, três homens que não querem admitir como são parecidos em suas atitudes em relação às mulheres. Isso dura pouco, mas é bom lembrar que, por poucos momentos, rico também é gente. Desta vez, há um gosto de vitória, pois todos os estadunidenses voltam para casa mais desgastados do que quando chegaram. Apenas a queridíssima Daphne foi capaz de descansar e se livrar das “amenidades” do dia a dia. Já os servidores locais e, mais especificamente, a trabalhadora sexual Lucia ao lado de sua amiga Mia, se estabelecem como os grandes “vencedores” e heróis da temporada.
Assistir à TV voltou a ser divertido
Contrapondo muitos serviços de streaming que optaram por lançar toda a temporada de uma série numa só tacada, a HBO reafirma, com The White Lotus e alguns antecessores como House of The Dragon e Euphoria, que o episódio semanal é muito mais eficaz para repercussão e envolvimento do público. No dia da season finale, só se via teorias tentando adivinhar o contexto de “Arrivederci”, título do último episódio. A estratégia funciona e anima os entusiatas da televisão, mas o grande mérito está na execução excelente de roteiro, direção, fotografia e atuação. Tudo foi perfeito, talvez só o fatídico final de Tanya tenha sido uma decepção nos corações dos espectadores (carma da temporada anterior?). É possível observar que cada temporada implementou a energia do local no tom de desenvolvimento dos acontecimentos e na fotografia, como a elegância do velho mundo e um toque continental vistos em Sicília, em contraste com o extravagante sonho havaiano da temporada passada. A partir dessa premissa, a antologia pode continuar aprimorando sua fórmula em novos ambientes nos próximos anos. Pessoalmente, a obra reacendeu a alegria de acompanhar algo simultaneamente com outras pessoas, de comentar semana a semana, de compartilhar teorias em bares! Sempre com reviravoltas interessantes que nos pegam de surpresa. Ciao, Sicilía! Estamos prontos para a próxima viagem à la White Lotus! Veja mais: Gostou da segunda temporada de The White Lotus? Confira nossa crítica do filme O Menu, ideal para aqueles que gostam de humor ácido.